"Booooaaa nooooooite!”, é uma frase muito conhecida dos espíritas e que traz muita alegria aos seus corações, por se tratar do famoso cumprimento do mentor espiritual José Grossso, em suas comunicações. Muito querido por todos, principalmente pelas crianças, este seareiro de Jesus sempre nos traz palavras esclarecedoras e acalentadoras como uma brisa suave em tarde de primavera. Mas como iniciou a dedicada presença deste espírito junto à comunidade espírita?

Era o ano 1949, a grande guerra já havia silenciado suas armas e a guerra fria assustava a humanidade que ainda estava com suas almas estilhaçadas pelo horror das batalhas, quando no dia 25 de agosto, em um centro espírita de Belo Horizonte, os abnegados espíritos Scheilla e Joseph Gleber apresentaram ao palco da Boa Nova um velho amigo que eles já haviam estado juntos na Germânia, por volta do ano de 751. Tratava-se de uma reunião de materialização, e no momento, devido à disposição de fluidos para tal ato, foi possível materializar somente suas mãos, ou seja, já se podia saber que travava de um espírito que colocaria as “mãos” no trabalho cristão. A partir desse dia, acompanhado por Glacus, Scheilla e Joseph, José Grosso deu início as suas aparições completas e comunicações psicografadas e psicofonadas, por meio de vários médiuns, no qual se referia como “folha caída dos ventos do norte”. Junto a Palminha, um de seus irmãos na última romagem terrena, passou a trabalhar ativamente no labor cristão.

Além de sua encarnação na Germânia, atual Alemanha, sabe-se que ele renasceu na Holanda, exercendo um cargo alto de adido diplomático na corte de Francisco I, rei da França. Certamente ele teve outras caminhadas terrenas, como é sabido, médico na Espanha, até que em 1896 reencarna no sertão do Ceará, próximo a Crato como José da Silva, um dos nove filhos de Gerônimo e Francisca.

Era década de 30 e já adulto José Grosso integrou-se ao grupo de Lampião com anseios de ajudar aos seus semelhantes. Junto ao bando, ele percebeu que eles extrapolavam as suas aspirações, que agiam de forma incorreta aos seus princípios e valores. Como não tinha muito que fazer, além de nunca manchar suas mãos no crime, passou a informar aos lugares que seriam invadidos para que mulheres e crianças fossem poupadas. Desconfiado, Virgulino preparou uma emboscada para descobrir quem era o seu traidor, quando em uma armadilha o benfeitor da segurança dos mais frágeis foi pego e teve seus olhos perfurados por espinho de mandacaru, por Lampião. Após vagar, cego, pela mata, José Grosso foi picado por uma cascavel e veio a desencarnar, sendo recebido pelos seus amigos Scheilla e Joseph Gleber. 

Como sabemos, o plano espiritual nos faz encontrar pessoas que de certo modo marcaram nossas vidas, e no livro "As Flores Também Florescem no Inverno", da médium Shyrlene Campos; José Grosso conta que aos 12 anos trabalhava na venda de um senhor chamado Nonico, quando chegou à cidade um circo que foi montado perto da venda. Encantado pela magia circense ele foi correndo para conhecer o palhaço Pururuca que era a alegria de todos. Durante a conversa com o palhaço sem seus trajes festivos, interpelado sobre seu futuro José da Silva falou sobre seu sonho de cair no cangaço. Assustado o homem lhe aconselha e arruma um serviço de “amarra cachorro”, que era um faz tudo do circo, para poder ver a apresentação circense. O tempo passou, e um dia, na colônia Nosso Lar José Grosso vê um rosto conhecido e durante uma conversa ele descobre que o homem com o qual estava falando é o próprio palhaço Pururuca e grande foi a alegria de ambos.

Nenhum pintor conseguiu retratar os olhos de José Grosso que são pura luz, repletos de sabedoria, amor e esperança não só para dias melhores para o seu povo sofrido do agreste, ele auxilia a todos com esmero e fé que é característico do nordestino.

O tempo corre na ampulheta do tempo e esse abnegado espírito tem sido em todos os momentos a alegria fraterna, a mão que socorre, a palavra que esclarece e conforta, o servo de Jesus que nos ensina a servir com amor e desprendimento nos caminhos da vida.