Napoleão Rodrigues Laureano nasceu no dia 22 de agosto de 1914, em Natuba, à época, distrito de Umbuzeiro.

Dedicado aos estudos, foi discípulo do renomado professor Ageu Magalhães, grande anatomo-patologista pernambucano, diplomando-se em princípios de 1943, obtendo destaque entre seus colegas de turma. Logo em seguida, filiou-se ao Serviço Nacional do Câncer, centralizado no Rio de Janeiro, especializando-se em cirurgia do câncer e em ginecologia.

Instalou seu consultório no centro da cidade de João Pessoa, atendendo nas especialidades de obstetrícia e tratamento cirúrgico das cicatrizes e outros defeitos congênitos ou adquiridos. Logo tornou-se uns dos médicos mais solicitados da capital paraibana, revelando-se, ao lado do Dr. Asdrúbal Marsiglia de Oliveira, um dos primeiros médicos a dedicar-se ao tratamento do câncer, na Paraíba. Preocupado com o câncer ginecológico, que ceifava milhares de mulheres brasileiras, escreveu um “Tratado Relativo à Aplicação da Mostarda no Combate ao Câncer”.

Homem simples, possuidor de “uma força interior incomensurável” e “despido de qualquer vaidade”, o Dr. Napoleão Laureano teve para com os pobres uma dedicação sincera, jamais deixou de atender um paciente porque não dispunha de recursos. Seu consultório atendia 80% dos pacientes, gratuitamente. O seu lado humano, era absolutamente perfeito de bondade, era um homem voltado para o sofrimento humano, sem levar em consideração seus problemas pessoais.

Quando universitário, no Recife, Napoleão Laureano participou ativamente dos movimentos estudantis contra o Estado Novo. Redemocratizado o país, ingressou na política, filiando-se aos quadros da União Democrática Nacional, elegendo-se vereador à Câmara Municipal de João Pessoa, para a legislatura de 1947-1951.

Na política, revelou-se um líder inconteste. Eleito Vice-Presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal, logo assumiu a presidência.

Sentindo os primeiros sintomas da doença, que prematuramente levá-lo-ia a morte, o jovem médico viajou aos EUA. Em Nova Iorque, permaneceu por alguns meses tratando-se no ‘Memorial Center Hospital’. E, desenganado pelos especialistas americanos, “ante as precárias condições do combate ao câncer na época”, foi aconselhado a retornar ao Brasil, ciente de que teria, “semanas ou meses de vida”.

Após constatar que era portador de um mal incurável, ele aproveitou sua breve existência para traçar um vasto plano de ação em benefício dos cancerosos brasileiros. E, regressando dos EUA, permaneceu alguns dias no Recife, vindo à Paraíba antes de empreender sua viagem ao Rio de Janeiro, onde esperava firmar as bases de sua campanha de combate ao câncer.

Em 1951, embora ausente, o Dr. Laureano foi eleito presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal de João Pessoa, para o biênio 1951/1952.

Na oportunidade, o governador José Américo, manifestou seu apoio à construção do ‘Hospital do Câncer’, em na capital paraibana. A falta de equipamentos médicos na Paraíba, o impossibilitou de fazer uma autodiagnosticação cedo, fato que levou-o a solicitar ao governador a aquisição de um aparelho de radium.

O Dr. Napoleão Laureano desembarcou no Rio de Janeiro, num avião da FAB, cedido pelo presidente Vargas e submeteu-se logo a uma soroterapia especial.

A doença de Laureano ensejou uma luta sem quartel, promovendo uma grande campanha nacional em prol da assistência hospitalar aos cancerosos do Brasil, contribuindo para a fundação do Hospital do Câncer da Paraíba e a criação da Fundação Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Assim, por sua pertinácia na conquista desse desiderato, foi consagrado como o patrono dos cancerosos.

Dr. Laureano, em sua sede, o ‘Diário Carioca’ realizou uma mesa redonda para discutir o problema do câncer no Brasil e dela foi criada a ‘Fundação Nacional do Câncer’, intensa campanha visando adquirir fundos e doações foram promovidas pelos organismos da imprensa nacional, obtendo logo bons resultados.

Internado no ‘Hospital Graffe Guinle’, o Dr. Laureano que embora tenha sido submetido a vários tratamentos - inclusive a aplicações de Krebiozen, vindo especialmente dos Estados Unidos para este fim - faleceu às 20h20 do dia 31 de maio de 1951. Seu corpo foi embalsamado e exposto em câmara ardente, na Igreja da Candelária, onde foi visitado por milhares de pessoas.

Em 1962, foi inaugurado o ‘Hospital do Câncer Napoleão Laureano’, realizando assim o seu grande sonho.

Napoleão Laureano, que teve sua vida como homem público, “marcada pela serenidade de propósitos”, “pela clareza ao tratar com as pessoas, pela firmeza e brilho na defesa de suas idéias”, deve ser sempre lembrado pelo povo paraibano como um homem que em vez de pensar em si, demonstrou “a vontade de servir aos mais humildes e desafortunados”.