Na primeira vez que vi Vancour me assustou sua figura austera e ao mesmo tempo um tanto bizarra. Calças justas, blusa de seda, uma testa severa, uma única e grande argola na orelha, olhar negro como noite sem estrelas. Conservava ele as características de sua última encarnação em terras da Espanha.

Vancour já havia vivido como cigano em região do Egito, em 1322. Sua tribo, nômade, se dirigiu para a Europa onde ficaram conhecidos como egípcios, gitanos ou gypsies. Seus chefes freqüentemente se intitulavam duques ou condes do pequeno Egito.

Em 1427 os ciganos chegaram à França atraindo multidão de curiosos. Sobrevieram alguns escândalos e eles seguiram em peregrinação rumo a Castela, e daí seguiram para Andaluzia.

Vancour, buscando suas raízes para ressarcir débitos adquiridos, numa época em que a violência imperava nas lutas entre povos, nos embates contra a fome e a miséria moral, veio a renascer em terras de Andaluzia no século XIX.

Conheceu os primeiros cristãos e ainda mantêm de forma rígida seus conceitos morais, embora paute seus atos pela fraternidade e compreensão para com seus semelhantes encarnados e desencarnados.

Ele nos traz em suas preleções um legado de Luz, de trabalho, de corajosa renovação.

Vancour, nosso “chefe cigano”, recebe hoje com alegria o Comando Supremo de Jesus, e ao contar suas historias vividas e sofridas nos faz sentir com mais intensa clareza que somos todos realmente irmãos, que para os corações que se amam não existe limite no tempo e no espaço, e que a Seara de Jesus continua sendo nosso grande palco de realizações cristãs, não importando a época em que vivemos. Nossas experiências adquiridas com a dor, com acertos e desacertos, nos demonstra claramente que nosso grande momento com Jesus é o Hoje.